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🇨🇳 RESENHA | What If — Another Me (2024)

 Nota: 💖 | Episódios: 20 | Estrelando: Elaine ZhongLiu Xue Yi e Lin Yu Shen

"Uma mulher comum se vê diante de uma escolha que mudará sua vida e duas realidades paralelas se desdobram: Ao escolher partir para a vibrante Xangai, ela se lança em um universo de novos desafios profissionais, pessoais e relações inesperadas que abalam sua visão de mundo.

Ao optar por ficar em sua pequena cidade natal, ela escolhe o amor e a estabilidade abraçando as responsabilidades da vida familiar. Mas logo se vê diante de conflitos que colocam seu casamento e sua própria identidade à prova.

Duas vidas. Duas versões de si mesma. Qual escolha a levará a uma vida mais emocionante e feliz?"



e se (o outro eu) é um drama brilhante que mostra que a felicidade está ao nosso alcance, independentemente do caminho que escolhemos



What If — Another Me, (Um futuro sem você título em PT-BR) é um c-drama espetacular. Um verdadeiro soco na cara, recheado de muitas emoções. Um drama-terapia dos bons. Tão viciante que assisti tudo em apenas dois dias. É realista, profundamente feminista e com um texto poderoso que me fez refletir sobre muitas coisas.

Ele é um remake da china continental do drama taiwanês Q Series: Life Plan A and B (2016), estrelado pela minha diva Rainie Yang com o Kenny Yen. Inclusive, para quem ama, a vibe de drama taiwanes clássica perpassa o cdrama todo, talvez isso tenha ajudado a eu o amar ainda mais.


Achei sensacional a premissa de acompanhar duas realidades paralelas que surgem a partir de uma única escolha que muda o rumo da vida da protagonista. As reflexões sobre o preço das decisões, o amadurecimento e o papel da mulher nos relacionamentos são tratadas com tanta sensibilidade e profundidade. Vai muito além de ser apenas uma história sobre ou amor ou a carreira.

Ambas as realidades são interessantes e têm seus próprios encantos. Na vida na tumultuada Xangai, vemos o crescimento de Xia Guo através das novas experiências que ela vive e da busca pela felicidade por meio da carreira. 

Já na cidade pequena Lashan, o cdrama aborda as dificuldades de uma mulher ao tentar retornar ao mercado de trabalho após a maternidade, sua busca por identidade depois do casamento e, principalmente, após se tornar mãe.


Nas duas versões de sua vida, o cdrama mostra a força feminina em enfrentar suas escolhas com coragem, as expectativas impostas sobre como ela “deve” viver e o desafio de equilibrar amor e carreira na busca por uma felicidade completa (spoiler: isso não existe).

Falando em atuações, Zhong Chu Xi entrega uma performance esplêndida. Ela carrega o drama nas costas com maestria, sem jamais ser ofuscada. Xia Guo é uma personagem extremamente poderosa, e Zhong Chu Xi soube diferenciar de forma brilhante as duas versões dela. Acompanhar o crescimento da personagem em ambas as realidades e os momentos de conversa entre as duas foram emocionantes.

Vemos Xia Guo se tornar uma mulher madura, confiante e dona de si, tanto em Xangai quanto em Lashan. O mais bonito é perceber que, independentemente do caminho que seguisse, ela se transformaria na mulher incrível que conhecemos ao final da história.


What If — Another Me, mostra que não existe uma versão ou vida certa ou errada. Existe, sim, aquela que mais desejamos viver.

Seja construindo uma família em uma cidade pequena, seja investindo em uma carreira na correria de uma metrópole. Gosto da sensibilidade do drama ao não julgar ou apontar uma “melhor escolha”. Em vez disso, ele apresenta os prós e contras de cada realidade.

Através de Xia Guo, vemos representadas duas facetas da mulher contemporânea: as que desejam formar uma família e as que buscam realização profissional e, acima de tudo, o desejo legítimo de ambas em serem felizes.


O roteiro de What If — Another Me é impecável. O texto é cheio de passagens bem colocadas, que provocam reflexões profundas. As atuações do elenco estão excelentes, e os personagens são poderosos, tão humanos, tão reais. Perfeitos em suas imperfeições. É fácil correlacionar com situações e pessoas da vida real. Algumas cenas, inclusive, pegam forte.

Falando nos personagens, preciso fazer um adendo especial aos personagens masculinos, principalmente aos três boys com quem Xia Guo se envolve. Ela acaba vivendo experiências com três tipos de homens: um de quase a mesma idade, um bem mais velho e um bem mais novo.

Vou começar de trás para frente, com o Allen, o barman novinho da vida em Xangai. Cheio de vida, sensato, apaixonado e ao mesmo tempo inconsequente. Ele aparece quando Xia Guo está no momento mais baixo da sua vida, tanto profissional quanto amorosa, e traz consigo o frescor da juventude, o sonho de um amor leve, e a força da paixão espontânea. Seu lema é viver o presente, seguir os sentimentos e aceitar a incerteza da vida.


Quando ele entrou em cena, confesso que fiquei desejando ver uma terceira realidade paralela, onde Guo Guo investia nesse relacionamento mais leve e descompromissado. Solteira, livre, o novinho todo apaixonado por ela. Seria tudo! Um romance divertido, cheio de novas experiências (perdão pelo trocadilho).

Shippei demais os dois sim. Me deu até vontade de ver um c-drama com essa vibe: uma mulher workaholic, que resolve abrir seu próprio negócio e acaba assumindo um bar com um barman novinho e gostoso. Um jiejie romance, bem comédia romântica. Seria um hino.

Apesar disso eu entendi e apoiei, a decisão de não terem feito ela ficar com ele. Ela quase caiu na armadilha de se envolver com alguém enquanto ainda estava superando um término doloroso. Porque antes, ela caiu na besteira de engatar em um novo relacionamento logo em seguida de um término desgraçado e assim não era o certo, ela precisava de um tempo para si, para se curar, se recolher e refletir antes de entrar em outro relacionamento. 

Felizmente ela percebeu que não era o momento certo. Não aceitar usar um novo romance como muleta emocional mostra o quanto ela amadureceu.


Nosso maravilhoso Sr. Xue, vulgo Mr. Darcy. SIM! Não sei exatamente por quê, mas ele me passou uma vibe total de Mr. Darcy. Talvez pelo jeito mais introvertido, racional, sisudo e um tanto ríspido... mas que, por trás disso tudo, esconde um coração enorme. Que homem apaixonante!

Xia Guo o encontra em um dos momentos mais incertos da sua vida. Perdida, desorientada, ele surge como uma âncora em meio à tempestade emocional e às novas experiências que ela está vivendo. Uma luz que ela usa para se guiar nesse caminho desconhecido em Xangai. Um verdadeiro mestre.

No início, até pensei que seria um enemies to lovers, mas foi o oposto: o relacionamento deles se revelou maduro, baseado em parceria e companheirismo. Encantador e cheio de paixão, apesar de marcado por inseguranças. Um contraste fortíssimo com o relacionamento dela com Yu Jian: aquele que era mais "certinho", seguro... e, por um lado, até um pouco chato.


A experiência, confiança e tranquilidade do Sr. Xue em meio às crises se chocam (no bom sentido) com o desespero e a ansiedade da Xia Guo. E vejo que foi justamente esse contraste que permitiu a ela crescer mais um pouco. Ela aprendeu muito com ele. 

Considero esse relacionamento um ponto-chave na sua trajetória de autoconhecimento. Ele serviu como referência, uma régua onde ela pôde comparar com o seu relacionamento passado e enxergar com mais clareza o que realmente deseja para si.

Foi um relacionamento cheio de camadas e confesso, foi o que mais me fez suspirar e me envolver.

E chegamos ao nosso príncipe imperfeito, muitas vezes quase vilão: Yu Jian. Um homem comum, mediano, de sonhos simples e concretos, com muita lealdade e uma submissão absurda à família, o que não raramente, resultava em ignorar completamente a Xia Guo em vários momentos. Fofo? Sim. Mas também completamente sem noção em várias situações que pediam pulso firme e decisões claras.

Yu Jian representou muito bem o homem padrão, o tradicional e também trás um olhar sobre como é uma família comum chinesa. Ele é aquele tipo de cara machista velado que, apesar de não agir com má intenção, carrega uma visão de mundo ultrapassada e sutilmente tóxica, principalmente no que diz respeito às expectativas sobre o papel da mulher, do homem e família. Ele exemplifica o machismo estrutural travestido de “cuidado”, “preocupação com o bem-estar da família” e “assim que o mundo é”.


Ele realmente acredita que a realização de uma mulher está em cuidar da família, enquanto o do homem é trabalhar para sustentar essa estrutura. Um pensamento pequeno, limitante, que parece até bem-intencionado, mas que sufoca. Não é mal de coração, mas também não consegue (ou não quer) pensar fora da caixinha.

Teve muitos momentos em que eu estava engasgada com ele, mas o descaso dele e da família durante o parto da Xia Guo foi o fim da picada. E o mais assustador? É saber que sim existem muitos Yu Jian por aí.

Esse tipo de cara que parece ser "bonzinho e perfeitinho", mas que é totalmente submisso à mãe e à família, é uma cilada bino das grandes, tão problemática quanto um boy controlador ou abusivo. É um tipo de homem perigoso também, justamente por parecer inofensivo e não fazer as coisas por mal.

Mas, justiça seja feita: ele tem um bom arco de desenvolvimento. E vê-lo no final do drama, mais consciente, mais acordado para a realidade atual dos papeis do homem e da mulher, mais independente da família, traz um certo alívio. Ele finalmente toma certo tino. Grazadeus.

Agora vou entrar num MOMENTO SPOILER pesado, porque preciso discutir um ponto importante. O final de uma das vidas me bugou real, me fez criar altas teorias de madrugada, refletindo sem parar.


A vida em Lashan teve aquele final clássico de happy end, com direito a todo o elenco aparecendo na renovação de votos da Xia Guo e do Yu Jian. Lindo, redondinho. MAS a vida de Xangai foi final aberto para meu desespero, mas não menos perfeito. 

E vamos lá para a minha compreensão desse final.

A última cena do casal é dúbia. Dá uma sensação de incerteza: será que o Sr. Xue foi mesmo até o apartamento da Xia Guo depois que ela recebeu e abriu a caixinha com o anel de casamento? Ou foi apenas uma projeção, uma idealização dela? 

Isso se conecta diretamente com o discurso que ela faz logo antes, refletindo sobre como a afinidade entre pessoas que se amam pode ser quase mágica, aquele pensamento romântico de que, quando mais precisamos, as pessoas que amamos aparecem como num passe de mágica... literalmente na nossa porta.

Ou seja: cada espectador pode escolher o final que achar melhor. O que ela pode ter seguido sozinha, vivendo sua solitude e investindo nos próprios empreendimentos, ou o que, além disso, também reatou com o Sr. Xue. Acho que a mão dela escondida no casaco no final não foi por acaso.


Mas aqui vai o meu palpite: sim, ele realmente apareceu. Eles conseguiram, finalmente, se encontrar depois de tantos desencontros. Penso isso porque essa cena espelha a outra do término deles, quando ele foi atrás dela com o anel e ela não estava em casa, porque ela também tinha saído para procurá-lo. Só que desta vez, eles se encontraram.

E tem mais: a nota de compra do anel foi o que desatou os nós do relacionamento deles. Ele nunca desistiu dela, nem mesmo quando foi para Singapura. Ele já tinha em mente voltar, porque ela sempre foi a escolha dele.

É importante lembrar que o Sr. Xue já tinha deixado claro, em uns episódios atrás, que não via o casamento como destino final de um relacionamento, ou seja, querer casar com ela foi uma forma dele querer realizar um desejo dela tipo: “Eu sei que isso é importante para você, e eu estou disposto.” 

Vale lembrar que ele também disse que estaria tudo bem por ele em em apenas estar do lado dela, mesmo que ela não queira casar. O importante para ele é estar com ela. Não importa como.


Por isso, acredito que sim, ele foi atrás dela. Eles só não se casaram, pelo menos não naquele momento em que a história acaba para gente. E acho que foi melhor assim. Eles não precisavam de um casamento para validar o relacionamento deles. Afinal, casamento é um símbolo mais tradicional, mais antigo (cof cof… vida em Lashan), enquanto o relacionamento deles representa algo mais moderno, mais livre.

“Ah, mas ela não estava magoada com ele e tal…”

Sim, estava. Mas, além disso, a Xia Guo se mostrou uma mulher que aprende com os próprios erros. Ela deixou o relacionamento com o Yu Jian terminar porque, na época, deixou o orgulho e o despeito falarem mais alto que os próprios sentimentos.

Aquela pausa que ela faz, quando fecha os olhos antes de abrir a porta, para mim, foi simbólica. Representa ela escolhendo agir diferente, mais madura, decidindo dar ao Sr. Xue a chance de uma conversa, talvez de uma reconciliação. Algo que ela não se permitiu fazer com o Yu Jian antes.

Então, como fã assumida desse casal, eu digo com todas as letras: Foi final feliz para mim sim.

Fechando o momento spoilers, ainda preciso mencionar um dos momentos mais importantes da vida em Xangai: o reencontro da Xia Guo com o Yu Jian nessa realidade.


Esse momento, anos após aquele término desgraçado, me pegou de um jeito… Chorei largada. Foi um encontro de cura para ambos. Um reencontro que trouxe paz. A conversa entre eles, bem iluminada, depois os dois indo olhar o nascer do sol, foi uma representação belíssima de recomeços, como se dissesse que, não importa o que passou, por mais doloroso ou bonito que tenha sido, um dia sempre termina… e um novo sempre começa. Há esperança, se nos permitimos ter.

A cena dele entregando os desenhos que fez dela ao longo dos anos em que estiveram juntos… e dizendo que desejava, do fundo do coração, que ela fosse feliz, que encontrasse a felicidade e o melhor: Que ela não deixasse ir, não se esquecesse daquela garota inocente, boba, que era feliz mesmo com tão pouco que ele amou… PQP. Foi foda. De verdade. 

Eles se conheciam desde sempre. Provavelmente foram o primeiro um do outro em quase tudo. Antes de serem namorados, eram companheiros de vida. Ela praticamente cresceu na casa dele, já que a mãe dela era ausente.

Mas o destino, os pensamentos diferentes, os mal-entendidos da vida… acabaram separando os dois. Foi tão humano. Tão real. Tão lindo. Fiquei feliz demais de ver eles fazendo as pazes. Podendo se olhar sem mágoa, podendo reatar a amizade deles. Eles nunca deixaram de se amar. Mas agora é outro tipo de amor.



✦𓆩⟡𓆪✦


What If — Another Me, é o tipo de cdrama que toda drameira precisa assistir. É difícil sair dele sem ser impactada, tocada em algum nível. Ele traz reflexões válidas, uma história incrível e personagens memoráveis. Levarei essa história no coração.

O mais interessante é que eles fogem dos estereótipos, têm mais nuances, mais camadas, e comparar as versões deles nas duas realidades é fascinante. Um personagem que é um completo escroto numa vida não necessariamente será o mesmo na outra.

E o romance? MARAVILHOSO. Como comentei antes, não é a proposta do cdrama dizer qual é o melhor caminho, mas claro, acabamos tendo nossas preferências. Meu shipp foi Guo Guo e Sr. Xue, e a minha realidade favorita de acompanhar foi a de Xangai. Manas só tiro de arraso.

As duas Guo Guo são mulheres incríveis, fortes, e acompanhar a jornada delas foi um presente. Foi emocionante. Me ensinou muita coisa.


É um cdrama sobre começos e recomeços, sobre encontros e despedidas, sobre a felicidade que só é possível quando a buscamos dentro de nós, e não fora. Ele entrega mensagens poderosas, que ecoam. Uma das várias mensagens que eu levei desse drama é:

A felicidade plena não existe. E tentar alcançá-la vivendo a vida que os outros desenharam para nós (seja a sociedade, seja a família) só traz frustração e dor a nós mesmos.

Então devemos viver a vida do nosso jeito para assim sermos feliz. Seremos infelizes às vezes também, porque tudo na vida é dual. Tudo são momentos. Nada é eterno e nada é perfeito. A vida é doce e azeda. Nós somos a nossa própria felicidade, o nosso próprio amor. E só compartilhamos isso com os outros — mas ela é nossa, e não depende de ninguém além de nós.


É um drama sobre mulheres, poderoso em sua essência.

Todas as mulheres da história são fortes à sua maneira. Terminei o cdrama desejando que um pouco da coragem e da força da Guo Guo passe para todas nós. Que não tenhamos medo de amar, de perdoar, de lutar pelos nossos sonhos. Que a gente se encontre e seja feliz independentemente do caminho, da vida que levamos ou almejamos.

Que façamos florescer a mulher poderosa que existe em nós. Ou melhor, que a vivamos, todos os dias. Que ela não seja um "outro eu" nosso, e sim seja nosso próprio "eu", sem "e se".


📍Onde Assistir: Wetv | Viki | Youtube | Wei Fansub


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